Explore as Suas Opções Terapêuticas

  • Objetivo

    O objetivo da terapêutica antirretroviral (TAR) é bloquear a ação do vírus no organismo, concretamente nas várias etapas que o VIH precisa para se reproduzir. Se a TAR for eficaz a carga viral será cada vez mais baixa até se tornar indetetável.

    Para isso é usada uma combinação de pelo menos dois ou três medicamentos (por vezes mais) que bloqueiam diferentes proteínas que o VIH usa neste processo. Esta combinação pode ser tomada num comprimido único que contém vários medicamentos e se toma uma vez por dia, ou em dois ou mais comprimidos por dia, numa ou duas tomas diárias.

  • Tipos de medicamentos

    Os tipos de medicamentos dividem-se em várias classes consoante o tipo de proteína ou ação do vírus que bloqueiam:

    – Inibidores Nucleósidos/Nucleótidos da Transcriptase Reversa (INTR);
    – Inibidores Não-Nucleósidos da Transcriptase Reversa (INNTR);
    – Inibidores da Protease (IP);
    – Inibidores da Integrase (II);
    – Inibidores dos co-receptores CCR5 (ICCR5).

    Existem ainda outras classes em investigação como os inibidores da maturação ou de ligação.

    Como todo e qualquer medicamento, também a TAR pode causar efeitos secundários, os quais variam muito de pessoa para pessoa. Para além do que as pessoas a tomar TAR podem sentir, são feitas regularmente análises aos rins e ao fígado para vigiar efeitos que possam surgir nestes órgãos.

Quando Iniciar o Tratamento

  • Inicio da terapêutica

    O início da terapêutica antirretroviral é algo que tem mudado ao longo do tempo. As orientações mais recentes, sugerem que o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico positivo.

    Antigamente, o tratamento tinha início quando as pessoas tinham contagem de células CD4 abaixo de 350 por μL de sangue.
    O médico e os profissionais de saúde poderão responder a qualquer questão sobre o tratamento e ajudar a integrar o mesmo na sua rotina.

  • O estudo START

    O estudo START, Strategic Timing of Anti-Retroviral Treatment, em português, Momento Estratégico de Tratamento Antirretroviral, pode ser consultado em: http://giv.org.br/Arquivo/O_Estudo_START.pdf

Adesão à Terapêutica

  • Sobre a adesão à terapêutica

    Uma boa adesão à terapêutica é a única forma que uma pessoa com VIH tem de ter um bom controlo sobre a sua infeção.

    “adesão [é] o grau em que o comportamento de uma pessoa é representado pela ingestão de medicação, o seguimento de dieta, mudanças no estilo de vida que correspondem e se adequam com as recomendações de um médico ou outro profissional de saúde.” (OMS)

    Estima-se que se 5 % das tomas dos medicamentos não for realizada, o sucesso do tratamento pode ficar comprometido.

  • Dicas para lembrar de tomar a medicação

    Dicas para o ajudar a lembrar de tomar a medicação:

    – Colocar alarmes no telemóvel, usar aplicações (app);
    – Inserir a toma em rotinas já existentes: tomar à mesma hora que outras terapias, refeições, ao acordar, ao deitar;
    – Pedir a um familiar ou amigo que o ajude a lembrar;
    – Colocar um lembrete na agenda pessoal todos os dias;
    – Andar sempre com uma toma na mala.

  • Dicas se esqueceu de fazer a medicação

    Dicas como proceder quando se esqueceu de fazer a medicação:

    – Tomar a TAR assim que se lembrar desde que não esteja muito perto da próxima toma (+/- 8 horas);
    – Se estiver próximo da toma seguinte, tomar a toma normal e não duplicar dose.

  • Dicas se vai viajar

    Dicas como proceder quando se vai viajar:

    – Levar na bagagem de mão a TAR para evitar extravios de bagagem;
    – Levar sempre medicação para mais 2-3 dias;
    – Pedir uma declaração ao médico para transporte de medicação crónica;
    – Em viagens longas pedir com antecedência à farmácia hospitalar a medicação suficiente para a viagem;
    – Adaptar ao fuso horário do país de destino, começando a atrasar ou adiantar a toma da medicação 1 hora todos os dias;
    – Se viajar na Europa, tenha consigo o Cartão Europeu de Saúde.

  • Outras Dicas

    Outras dicas uteis:

    – Quando a TAR tem de ser tomada com comida, andar sempre com chocolates ou outro alimento de fácil transporte e calórico;
    – Caso por engano tome duas vezes a medicação, esteja atento a possíveis sintomas não frequentes. Se se sentir mal, dirija-se a uma urgência. Beba muita água;
    – Organize a medicação por caixas/tomas;
    – Comece as caixas de medicação no dia 1 do mês.

Efeitos Secundários

  • O que são efeitos secundários?

    Qualquer efeito indesejável é designado por “efeito secundário”.

    Os efeitos secundários mais comuns são a curto prazo e podem frequentemente, ser controlados através de medicamentos.

  • Efeitos secundários mais comuns

    Efeitos secundários (mais comuns) a curto prazo (causados pela adaptação do organismo a um novo medicamento):

    – Diarreia;
    – Mal-estar;
    – Cansaço;
    – Perturbações do sono.

    Após poucas semanas, estes efeitos secundários geralmente desaparecem.

  • Efeitos secundários menos comuns

    Efeitos secundários (menos comuns) a longo prazo:

    – Alterações ao nível da função hepática, renal e ossos;
    – Colesterol, glicose;
    – Doença cardíaca, diabetes, hipertensão ou AVC;
    – Alterações na forma corporal (perda ou ganho de gordura em locais específicos). Hoje em dia são menos frequentes do que no passado pois os medicamentos mais recentes produzem menos estas alterações.

Resistências à Terapêutica

  • O que se entende por resistências à terapêutica?

    De cada vez que se toma um comprimido contendo medicação esta fica em circulação no sangue até ser eliminada pelo organismo.

    A toma regular faz com que haja sempre medicação em circulação em quantidade suficiente para poder bloquear o vírus e reduzir ou manter indetetável a carga viral. Só uma boa adesão garante que isto possa acontecer.

    Uma má adesão (com interrupções, falhas ou esquecimentos) pode levar a resistências que tornam a TAR ineficaz. Por outro lado, mesmo após se ter carga viral indetetável, parar a TAR permite que o vírus latente (adormecido) que ficou disseminado nos santuários do organismo onde a medicação não atua, seja reativado (acorde) e se reproduza novamente fazendo subir a carga viral.

Interação com Outros Medicamentos

  • Interação da medicação antirretroviral com outros medicamentos

    Quando se está a fazer medicação antirretroviral é importante não tomar nada sem falar com o seu médico, pois este medicamento pode potenciar ou diminuir o efeito dos antirretrovirais e gerar situações indesejadas. Pode por exemplo, diminuir a concentração do medicamento e criar resistências à terapêutica ou aumentar a concentração do medicamento e provocar efeitos indesejados por sobredosagem.

    Alguns medicamentos para reduzir o ácido do estômago (ex: omeprazol), fazem com que alguns medicamentos antiretrovirais (ex: atazanavir) deixem de ser ativos a combater o VIH.

  • O site www.hiv-druginteractions.org

    Uma boa fonte de informação sobre eventuais interações entre medicamentos é o site http://www.hiv-druginteractions.org da Universidade de Liverpool.

Interação com Outras Substâncias (álcool, tabaco, drogas)

  • Álcool

    O consumo social de álcool, espaçado no tempo não afeta o efeito da medicação.

    No entanto, se este consumo for excessivo pode alterar os efeitos da medicação, o seu sucesso no controle da infeção e aumentar os efeitos secundários da medicação.

  • Tabaco

    Quanto ao tabaco, muitos são os estudos que nos mostram o aumento dos riscos do tabaco em pessoas que vivem com o VIH. Da mesma forma, o risco de alguns cancros está aumentado nas pessoas com infeção VIH, pelo que o tabaco representa um aumento deste risco.

  • Drogas recreativas

    As drogas recreativas apresentam riscos semelhantes aos da população em geral, com a agravante do uso de material injetável não esterilizado poder transmitir outras estirpes do vírus a uma pessoa já infetada, tornando-a mais difícil de se tratar.

    Por outro lado, o uso de anfetaminas, MDMA ou cocaína representa um risco de doença cardíaca a somar ao risco aumentado já causado pelo VIH.

  • Esteroides anabolizantes

    Os esteroides anabolizantes são utilizados por alguns desportistas e body- builders para produzirem ganhos rápidos de massa muscular e aumento da resistência ao esforço.

    Estes compostos podem ter efeitos secundários graves sobretudo danificando o fígado como acontece nas hepatites ou provocando anomalias ao nível das hormonas sexuais, como atrofia dos testículos ou disfunção eréctil.

Cura para a infeção VIH

  • O que esperar sobre a cura para a Infeção VIH?

    No momento, não existe cura para a infeção VIH. Ao longo das últimas décadas e no presente tem sido desenvolvida investigação científica com o objetivo de curar a infeção por VIH, isto é, eliminar o vírus do organismo de uma pessoa infetada, ou deixá-lo incapaz de se reproduzir. Este objetivo tem sido difícil de atingir, principalmente devido ao VIH se instalar em latência (como se estivesse adormecido) em locais do organismo onde não consegue chegar com tratamento. Estes locais, conhecidos como santuários do vírus, incluem células memória do sangue, do sistema nervoso central ou sistema digestivo.

    À medida que se conhecem mais dados sobre este complexo vírus e a sua interação com o ser humano, maiores são as hipóteses de um dia se poder chegar a uma cura.

    O que está disponível é um tratamento antirretroviral eficaz para o controlo da infeção, que limita os danos provocados pela mesma, embora não elimine o vírus do organismo.